03 outubro 2006

“Lei Seca” é descumprida por bares e quiosques da orla de João Pessoa


Comerciantes aproveitaram a falta de fiscalização nas praias e infringiram a portaria da “Lei Seca”, que proibia a comercialização de bebidas alcoólicas das 7 horas às 18 horas de ontem. Apesar de o movimento ser considerado fraco, era visível a venda de bebidas, principalmente de cerveja, nas mesas da praia.

A portaria que instituiu a “Lei Seca”, válida para todos os 223 municípios paraibanos, diz que o estabelecimento comercial que estivesse comercializando bebidas alcoólicas seria fechado e o dono seria preso, além de responder a processo. Diferentemente dos anos eleitorais anteriores, a proibição começava na véspera das eleições, mas este ano foi estipulado no intervalo de uma hora antes da votação e uma hora depois da votação.

A comerciante Joelda de Sá, que vendia abertamente cervejas aos clientes na Praia de Cabo Branco, disse que “a necessidade de sobrevivência e os cheques que terão de ser pagos nesta segunda-feira é mais forte que obedecer à Lei Seca”. Joelda considera desnecessário a proibição de bebidas alcoólicas em dia de eleição. Para ela, a bebida não interfere na lucidez dos eleitores. “As pessoas já votaram e vieram à praia apenas aproveitar o restante do dia de lazer”, justifica. Segundo a comerciante, “o que deveria ser proibido era essa roubalheira desses candidatos e políticos do País. Isto é que está errado”, rebateu. Joelda disse ainda que sempre vendeu “um pouquinho de bebida alcoólica no dia das eleições e nunca houve problema”.

A barraca vende normalmente de 20 a 25 caixas de cerveja aos domingos, mas, como o movimento estava fraco no dia de ontem, Joelda estima que não venderá mais que oito caixas. “Até o meio-dia, essas mesas deveriam estar lotadas de clientes, mas a votação e, principalmente, a proibição de bebidas alcoólicas esvaziou a praia”, acredita. Joelda Sá disse que o lucro por uma caixa de cerveja (24 garrafas) é de apenas R$ 11. “Lucro mais nas vendas do tira-gosta e, normalmente, as pessoas só comem quando bebem cerveja”, frisou.

O trabalhador Diego de Paula, 23 anos, que tomava uma cerveja normalmente numa mesa na praia, disse que não foi informado sobre a proibição e ficou supreso. “Pensei que poderia tomar uma cerveja na praia até porque já votei, mas como soube agora vou tomar apenas a que está na mesa”, afirmou. Alguns banhistas que bebiam abertamente não quiseram falar com receio da “Lei Seca”. Outros eleitores cautelosos não quiseram arrriscar e bebiam refrigerantes.

Joelda explicou que a venda de bebidas alcoólicas sempre foi desrespeitada e nunca houve nenhum problema com isso. Ela ressaltou ainda que boa parte das pessoas nem tomou conhecimento da proibição e destacou que isso ocorre, porque em alguns anos o comércio é liberado, sem que haja qualquer restrição. A mesma posição é compartilhada por outros comerciantes.

http://jornaldaparaiba.globo.com/cida-02-021006.html